Ah sim, lembram-se de mim? Na última postagem em que lhes escrevi eu acabara de ser integrada aos dois viajantes ao redor do mundo. Logo após termos perdido o navio a Hong Kong e sofrido com a perda de Passpartout(mas calma que ele à nós já retornou) e enfrentado uma tempestade marítima a caminho de Iocohama, pegamos o vapor em direção à São Francisco. O Pacífico se encontrava a nossa frente.
Ás sete da manhã pisamos em solo americano, cujo qual escutamos tantas histórias. São Francisco era o nome da cidade portuária em que atracamos. Fiquei impressionada com a imensidão de navios e mercadorias que por ali havia. A cidade em si era muito parecida com as da Europa, segundo Passpartout e nacionalidades de diversos lugares do mundo ali se encontravam. Rapidamente seguimos ao hotel e, após o jantar ( em que Fogg como sempre não demonstrou emoção alguma), fomos caminhando ao consulado para assim meu salvador ter carimbado seu visto. Mal começamos a caminhada nos deparamos com um comício cujo qual logo se transformou em uma briga de rua. Eu queria me defender, senti que podia, mas Fogg e Fix (o detetive que aparentemente estava nos seguindo) não me deram chance nem para respirar e ver direito a confusão. Mas ambos acabaram por apanhar e Fogg foi intimado a um duelo. Porém não havia tempo e, ao cair da tarde, fomos a estação pegar o trem rumo a Nova York.
Entretanto, realmente parece que a confusão nos persegue. Vou lhes contar o porquê. Na estação de Forte Bridger, o coronel que intimara Fogg ao duelo na comissão em São Francisco embarcara no trem. Eu, Fix e Passepartout decidimos por não dizer nada a Fogg que, como sempre se encontrava impassível em sua cabine (ou nossa :D) e o entreteríamos com whisty, não lhe deixando com necessidade de passear pelos vagões devido ao tédio.
Alguns quilômetros depois entramos no estado de Wyoming onde, nas Montanhas Rochosas, o trem parara e após alguns minutos disparara como um relâmpago por sobre o abismo (depois fui descobrir que a ponte estava em más condições e que após passarmos, esta ruiu).
Após três dias de viagem chegamos ao estado de Nebraska ond, o coronel acabou por bater em nossa cabine e ver Fogg. Não teve outro meio; o duelo foi marcado para acontecer na próxima estação, Plum-Creek. Deixaram-me dentro da cabine aflita sem poder dar minha opinião e nem ir ficar perto de meu (acho que já me encontrava neste patamar) amante. No entanto, o trem não terminou por parar na estação, devido ao atraso em que se encontrava. Eu já estava ficando louca de nervoso; nenhum dos três havia retornado ainda e eu tinha certeza de que não ocorrera um duelo, devido a não parada do trem. Quando estava me dirigindo para fora da cabine comecei a ouvir gritos e relinchos de cavalos. Os outros passageiros começaram a olhar para fora e eu fiz o mesmo. Para meu espanto, em nossa direção estavam vindo em grande armada uma tribo de índios com feições não muito amigáveis. Meu coração começou a palpitar. Onde estavam meus companheiros? Não houve tempo para eu fazer nada. Os índios nos alcançaram e o trem perdeu o controle, sua locomotiva correndo desgovernada trilho afora. Comecei a ouvir gritos e tiros e coloquei um revólver em punho. Todo índio que se aproximava eu atirava através dos vidros partidos dos vagões. Eu não estava afim de ser roubada naquele dia. A estação Keaney se encontrava a quatro quilômetros de distância e a locomotiva não reduzia a velocidade. Afinal, o que ocorrera aos maquinistas? De repente o trem acabou por diminuir drasticamente a velocidade e os freios começaram a pará-lo. Olhei pela janela e os policiais, ao ouvirem os estrondos, correram em nossa direção, mas os selvagens já batiam em retirada. Desci o mais rápido que pude ao parar na estação e lá encontrei Fix, o coronel (ferido) e Fogg. Grande foi meu alívio ao vê-lo são e salvo. Mas seu destemido empregado não estava junto a nós e bastou eu lhe lançar um olhar para que ele entende-se:
-O encontrarei, vivo ou morto. - e mais uma vez ele partiu, junto a alguns policiais e outros homens, me deixando na companhia de Fix, na estação. Passou a noite e nada deles. Não conseguia me aquietar e minha preocupação estava estampada em meu rosto. Eu tinha vontade de ir atrás, saber o que estava acontecendo, mas Fix não ficava muito longe de mim :s. Ás sete da manhã, após uma noite não dormida, ouviu-se ao longe um tiro. Eles estavam retornando ! Passepartout e os outros feitos cativos junto. Corri em sua direção e apertei forte as mãos de Fogg, muito mais do que apenas meu salvador. Ele já era o meu amor.
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